A situação de negros, mestiços, índios e mulheres em Sergipe no século XIX não era muito confortável. Todas essas categorias de pessoas sofriam preconceitos e tinham a sua força de trabalho explorada, cada uma com suas peculiaridades.
Nesse período a escravidão era considerada imprescindível para o progresso de determinada região, algo natural da sociedade, legitimada pela presença do pelourinho nos núcleos de povoamento. Os negros fugitivos ou que faziam algo que desagrava o senhor poderiam ser punidos com castigos severos, embora muitos senhores agissem mais brandamente a fim de evitar prejuízos caso o escravo morresse ou ficasse inapto ao trabalho. A maior concentração de escravos se deu na região da Cotinguiba, do Vaza-Barris e do Piauí, ou seja, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar. A exploração do escravo negro acabava motivando rebeliões, fugas e a formação de núcleos de resistência: os quilombos. Os quilombos sergipanos apresentavam especificidades em relação a outros locais, pois utilizavam a tática de guerrilha e a divisão dos quilombolas em pequenos grupos.
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Outro grupo bastante discriminado nesse período são os mestiços, constituídos pela população livre e pobre. Os mestiços eram mal vistos pela elite, sendo classificados como vagabundos e desocupados. No entanto, com o declínio do trabalho escravo, a partir de 1850, devido à abolição do tráfico, as mortes causadas pela epidemia de cólera entre outros fatores obrigaram a elite agrária a empregar os mestiços na lavoura canavieira.
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Já os índios no século XIX viviam da agricultura de subsistência e da pesca, exercendo também vários ofícios e outros trabalhos assalariados. Os índios passaram a ser encarados pelos senhores de engenho como entraves para o desenvolvimento da indústria agroaçucareira, pois praticavam saques nas fazendas e ocupavam terras que poderiam ser aproveitadas para o plantio da cana. Por isso, o governo se aliou a igreja a fim de legitimar a posse das terras indígenas.
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A mulher vivia praticamente como escrava, vez que não tinha qualquer participação nas decisões da família, resumindo sua atuação as tarefas domésticas e a procriação. A mulher quando não tinha seu casamento arranjado era obrigada a se isolar em conventos, tudo para proteger o patrimônio familiar. A condição da mulher só será alterada a partir da chegada da Corte, em 1808, que provoca mudanças na sociedade brasileira. Com isso as mulheres puderam frequentar escolas particulares para o sexo feminino e posteriormente com a criação das escolas normais, são formadas para exercer o ofício de professora.
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Podemos concluir que na sociedade sergipana do século XIX negros, mestiços, índios e mulheres não tinham voz. Prevaleciam os interesses da elite branca masculina que ditava as regras e fazia prevalecer seus interesses.
Referências:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Fios do inesperado e da resistência: negros, índios, mestiços e mulheres em Sergipe no século XIX. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.
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