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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Relatório do Seminário: Limites entre Sergipe e Bahia

O grupo iniciou o seminário explicando a metodologia utilizada, sendo organizada da seguinte forma: a) breve histórico sobre a historiografia sergipana acerca dos limites entre Sergipe e Bahia; b) o início capitania de Sergipe com a doação das capitanias hereditárias; c) os antecedentes da independência de Sergipe em relação à Bahia; d) obra de Francisco A. de Carvalho Lima Jr. – 1918; e) obra de Manoel dos Passos de Oliveira Telles – 1919; f) “Limites de Sergipe: Discussão entre os Louvados” de Ivo do Prado – 1932; g) obra de João Pereira Barreto – 1920; h) a questão de limites na atualidade através da análise do Senador Francisco Rollemberg – 1989.
O seminário teve por objetivo apresentar as principais discussões acerca dos limites de Sergipe através da análise de obras do início do século XX como também de uma obra que analisa essa temática na atualidade.

domingo, 13 de novembro de 2011

Uso do privado no público

O discurso modernizador das elites não era ofuscado somente pela condição precária de vida dos homens pobres, mas também pelas relações de poder que nem sempre estavam de acordo com os princípios da ordem e do progresso.
Existiam muitos problemas enfrentados pelos órgãos oficiais no que diz respeito ao cumprimento das leis. Nas comarcas limítrofes, por exemplo, os juízes tinham dúvidas sobre a aplicação da lei aos indivíduos presos que diziam ser de outro Estado. Mas o principal empecilho enfrentado pelos órgãos públicos era a influência dos chefes locais.
Tanto nas comarcas, quantos nas cadeias públicas, nas delegacias e na polícia havia a influência do poder dos chefes locais que contradiziam as leis, as ordens dos chefes oficiais e indicavam pessoas para ocupar cargos públicos.
Toda essa rede de favores e mandonismo dos chefes locais ou coronéis acabava gerando muitos conflitos, que culminava com a renúncia ou a posse arbitrária de pessoas em cargos públicos, a entrega de chefia a pessoas não qualificadas entre outros.
Embora o caos na administração pública em Sergipe fosse aparente, os presidentes do Estado sempre passavam uma imagem de ordem e tranqüilidade, afirmando nos relatórios oficiais que o povo sergipano era pacífico, trabalhador e obediente às leis.
Mas a historiografia demonstra também as contradições do projeto modernizador, como por exemplo, o fato de existirem cadeias públicas mostra que o sergipano não era tão pacífico, evidenciando assim as fragilidades desse discurso produzido pelas elites e para as elites.
O discurso dos presidentes visava à manutenção da imagem moderna e civilizada que as elites haviam projetado, procurando mascarar todas as mazelas sergipanas como a miséria dos trabalhadores, a violência, a inoperância dos órgãos públicos, o quase que total desrespeito as leis entre outros.

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “ Uso do privado no público”: ordem pública e coronelismo em Sergipe (1889-1930). In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

domingo, 6 de novembro de 2011

O outro lado da modernização...

O acentuado crescimento urbanístico e econômico de Aracaju passou a atrair homens pobres do campo, que vinham para a capital em busca de trabalho e melhores condições de vida no início do século XX.
No entanto, esses imigrantes não tinham condições de atender as exigências municipais quanto a construção das suas casas, como também não tinham recursos para pagar os altíssimos aluguéis da região central de Aracaju. Todas essas dificuldades levaram esses imigrantes pobres a residirem em locais afastados do Centro, fato que começou a preocupar as autoridades guardiãs do discurso modernizador.
O projeto modernizador da cidade não combinava com as construções irregulares e improvisadas da população pobre, que estavam fora da região do quadrado de Pirro. Por isso o governo efetuou várias reformas urbanas nessas regiões como no Santo Antônio, no bairro Industrial e na região do Aribé (atual Siqueira Campos). A integração dessas áreas suburbanas visava o controle do pobre, ensinando-lhe o seu lugar na sociedade.
As desapropriações e reformas urbanas em prol do discurso modernizador também recebiam o apoio das fábricas, sobretudo as têxteis, na capital. Como exemplo, temos a fábrica Sergipe Industrial que construiu uma vila operária e várias construções como igreja, parque de diversões, campo de futebol etc., com o discurso que era para ajudar no desenvolvimento da cidade e ao mesmo tempo reduzir a miséria do trabalhador ao dar-lhe melhores condições de moradia.


Imagem atual da fábrica têxtil Sergipe Industrial. Fonte: Google

Na verdade a intenção desses empresários era integrar o espaço de trabalho com vida pessoal do operário a fim de mantê-lo sob constante vigilância, o que garantiria maior produtividade e aumento dos seus lucros.
As dificuldades enfrentadas pelos operários das fábricas têxteis eram semelhantes ao dos demais trabalhadores, como alimentação precária, problemas de saúde que geravam altos índices de mortalidade infantil, problemas de saneamento básico, e problemas decorrentes do trajeto das suas casas até as fábricas. Todas essas questões são retratadas na obra de Amando Fontes “Os Corumbas”, que se constitui numa rica fonte de informações para quem deseja estudar o período.



Romance "Os Corumbas" e o autor Amando Fontes, respectivamente. Fonte: Google

Em síntese podemos afirmar que a modernização de Aracaju não era perfeita como desejava seus idealizadores, ela tinha um lado contraditório, que era as precárias condições de vida dos imigrantes pobres que chegavam a capital. 

Referência:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “ Parte do outro lado da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

domingo, 30 de outubro de 2011

Na busca por uma identidade sergipana

O início do século XX foi marcado por mudanças no aspecto físico de Aracaju e por várias discussões acerca da identidade sergipana. Ambas as questões estavam ligadas ao discurso modernizador das elites e acabaram se tornando alvo crítica.
A elite sergipana defendia em seu discurso a ideia de uma capital moderna e próspera. No entanto esse discurso foi alvo de críticas, como é o caso do francês Paulo do Walle que publicou um artigo no Jornal do Correio do Rio de Janeiro em 1913, afirmando que Sergipe era um estado atrasado devido ao seu isolamento geográfico e ao revezamento de certas famílias no poder, descrevendo ainda Aracaju como uma cidade de palhas.
Em resposta as críticas do francês o intelectual Nobre de Lacerda, defensor do discurso modernizador, publicou um artigo de protesto que dizia o seguinte: a) não há resquícios de casas de palha do período colonial em Aracaju, pois a mesma foi fundada em 1855, ou seja, durante o Império; b) não existe troca de poder entre parentes em Sergipe como podemos observar ao listar todos os governantes desde a Proclamação da República, verificando que nenhum era parente entre si.

Nobre de Lacerda - defensor do discurso modernizador. Fonte: Google

O artigo de Lacerda foi benquisto pela elite sergipana e pelo IHGS – Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe que o aceitou para publicação na revista da instituição no mesmo ano, em 1913.

IHGS localizado na Rua Itabaianinha no Centro de Aracaju. Fonte: Google

A inquietação provocada pelo artigo do francês em Lacerda e na intelectualidade sergipana aponta para questões que envolvem a construção da identidade do sergipano, que segundo Silvério Leite Fontes sofre de um complexo de inferioridade. Deste modo o discurso modernizador surge como uma compensação para esse sentimento. Ainda segundo Fontes, o complexo de inferioridade do sergipano leva muitos indivíduos a fugirem do Estado, já os que decidem ficar passam atuar como contestadores dos problemas sergipanos.

Silvério Leite Fontes. Fonte: Google

Para Fontes (1992, p. 17 apud SOUSA, 2010, p. 131) “a insegurança psicológica do sergipano exige que seus nomes maiores sejam reconhecidos pelos outros, para, somente assim, calarem fundo na valorização própria.” Ou seja, o reconhecimento de nomes sergipanos fora do Estado eleva a estima do povo, contribuindo assim para a construção de uma identidade coletiva. O papel do IHGS tem sido justamente este desde a sua fundação, elevar o nome de indivíduos ilustres a fim de construir uma identidade condizente com a nova ordem social almejada.
Em síntese podemos afirmar que a construção de uma identidade dita sergipana implica no resgate de grandes nomes do passado, feita principalmente por instituições sociais como é o caso do IHGS.

Referência:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Um misto de acanhamento e audácia...”: reflexões em torno da identidade sergipana (1910-1930). In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010. 

domingo, 16 de outubro de 2011

Aracaju desponta para a modernidade

                                          Região dos mercados em Aracaju. Fonte: Google

A fundação de Aracaju em 17 de março de 1855 por Inácio Barbosa foi fruto do desejo de construir uma cidade moderna em Sergipe, associada à necessidade de um porto para escoar as riquezas da região da Cotinguiba.
No entanto, Aracaju só passou a corresponder a essa imagem idealizada nas primeiras décadas do século XX, superando a imagem de cidade inviável, cheia de pântanos e dunas que facilitavam a disseminação de doenças.
A imagem de cidade moderna, centro dos principais acontecimentos do Estado foi sendo construída através de uma discurso modernizador, presente nas mensagens do Governo, de comerciantes e de jornais locais.
A fim de consolidar a imagem de cidade moderna e desenvolvida foram tomadas algumas medidas pelo governo, como por exemplo, diversas inaugurações que contavam com o apoio publicitário dos jornais. Foram inauguradas praças, linhas de bondes, aterramentos de lagoas, institutos científicos e escolas. Merece destaque a inauguração da Escola Federal de Aprendizes e Artífices em 1911, que mobilizou muitos cidadãos sergipanos, autoridades e pessoas ilustres, com direito a discurso e banda de música.
Além das inaugurações vale ressaltar o estabelecimento dos Códigos de Posturas que se preocupavam com questões higiênicas, de segurança e de embelezamento, além disso, temos a instalação do relógio público em substituição ao “grito do galo” para marcar as horas, mostrando-se um importante símbolo da nova ordem social.   
Aracaju começou a se destacar nas primeiras décadas do século XX como sede político-administrativa e o maior centro comercial do Estado, sobressaindo-se sobre os demais municípios que começaram a entrar em decadência. A partir de 1910 muitas famílias abastadas mudaram para Aracaju, atraídas pelas maravilhas de uma cidade moderna e em pleno desenvolvimento. Os jovens de famílias ricas iam estudar em outros estados devido à ausência de cursos superiores em Sergipe, muitos deles não retornavam, mas aqueles que decidiam voltar almejavam melhorar o aspecto físico da cidade e assim contribuir para o desenvolvimento nacional.
Podemos concluir que Aracaju só passou a corresponder aos anseios dos seus fundadores a partir do início do século XX, através do discurso modernizador que procurava passar uma imagem positiva da cidade. Só a partir desse momento é que Aracaju passou a atrair uma elite rica e escolarizada, que apostava no desenvolvimento da cidade e sugeria melhorias.

Referências:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave branca que voa dos pântanos para o azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a 1930. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

As Potencialidades da História Local

Texto: As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba.
Autor: Arnaldo Pinto Júnior

Qual a crítica que o autor faz ao modelo didático imposto pelas elites? Qual a alternativa que ele sugere?

Para o autor a adoção de um modelo didático europeu para o ensino de História, justificado pelo fato de ser considerado mais completo do que o modelo que inclui especificidades locais, acaba provocando um distanciamento dos alunos em relação ao próprio local onde vivem. Somando-se a isso a influência dos meios de comunicação de massa e da indústria do entretenimento, que fazem o aluno conhecer e se identificar muito mais com um país do outro lado do globo, do que com a cidade onde vive.

A alternativa apresentada pelo autor para essa questão é a utilização da história local no ensino fundamental e médio. Para ele o trabalho com a história local enriqueceria o conhecimento dos alunos, vez que daria oportunidade de conhecer peculiaridades muitas vezes ignoradas pela história tradicional. O autor sugere uma comparação com a história presente nos livros e em outras fontes oficiais, com as informações colhidas em campo pelos alunos, a fim de que os próprios alunos construam novos saberes sobre o local onde residem a partir das suas próprias análises históricas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Negros, mestiços, índios e mulheres na sociedade sergipana do século XIX

A situação de negros, mestiços, índios e mulheres em Sergipe no século XIX não era muito confortável. Todas essas categorias de pessoas sofriam preconceitos e tinham a sua força de trabalho explorada, cada uma com suas peculiaridades.
Nesse período a escravidão era considerada imprescindível para o progresso de determinada região, algo natural da sociedade, legitimada pela presença do pelourinho nos núcleos de povoamento. Os negros fugitivos ou que faziam algo que desagrava o senhor poderiam ser punidos com castigos severos, embora muitos senhores agissem mais brandamente a fim de evitar prejuízos caso o escravo morresse ou ficasse inapto ao trabalho. A maior concentração de escravos se deu na região da Cotinguiba, do Vaza-Barris e do Piauí, ou seja, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar. A exploração do escravo negro acabava motivando rebeliões, fugas e a formação de núcleos de resistência: os quilombos. Os quilombos sergipanos apresentavam especificidades em relação a outros locais, pois utilizavam a tática de guerrilha e a divisão dos quilombolas em pequenos grupos.


                                           Imagem 01

Outro grupo bastante discriminado nesse período são os mestiços, constituídos pela população livre e pobre. Os mestiços eram mal vistos pela elite, sendo classificados como vagabundos e desocupados. No entanto, com o declínio do trabalho escravo, a partir de 1850, devido à abolição do tráfico, as mortes causadas pela epidemia de cólera entre outros fatores obrigaram a elite agrária a empregar os mestiços na lavoura canavieira.


                                                     Imagem 02

Já os índios no século XIX viviam da agricultura de subsistência e da pesca, exercendo também vários ofícios e outros trabalhos assalariados. Os índios passaram a ser encarados pelos senhores de engenho como entraves para o desenvolvimento da indústria agroaçucareira, pois praticavam saques nas fazendas e ocupavam terras que poderiam ser aproveitadas para o plantio da cana. Por isso, o governo se aliou a igreja a fim de legitimar a posse das terras indígenas.


                                           Imagem 03

A mulher vivia praticamente como escrava, vez que não tinha qualquer participação nas decisões da família, resumindo sua atuação as tarefas domésticas e a procriação. A mulher quando não tinha seu casamento arranjado era obrigada a se isolar em conventos, tudo para proteger o patrimônio familiar. A condição da mulher só será alterada a partir da chegada da Corte, em 1808, que provoca mudanças na sociedade brasileira. Com isso as mulheres puderam frequentar escolas particulares para o sexo feminino e posteriormente com a criação das escolas normais, são formadas para exercer o ofício de professora.


                                           Imagem 04

Podemos concluir que na sociedade sergipana do século XIX negros, mestiços, índios e mulheres não tinham voz.  Prevaleciam os interesses da elite branca masculina que ditava as regras e fazia prevalecer seus interesses.

Referências:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Fios do inesperado e da resistência: negros, índios, mestiços e mulheres em Sergipe no século XIX. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

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domingo, 18 de setembro de 2011

O açúcar e a prosperidade

A partir do início do século XIX ocorre um crescimento na produção de açúcar em Sergipe, sobretudo na microrregião do Cotinguiba e no vale do rio Vaza-Barris. Antes desse período predominava a criação de gado na província sergipana. A produção de açúcar em Sergipe foi resultado da associação de diversos fatores, tanto internos quanto externos. Com o crescimento do consumo de café na Europa a demanda por açúcar aumentou, coincidindo com a queda na produção em determinadas regiões como nas Antilhas, além disso, a região da Cotinguiba mostrou-se favorável a produção devido às boas condições do solo e do clima.    
De acordo com Maria da Glória Almeida a fragmentação fundiária em Sergipe teve dois momentos. O primeiro deles ocorreu entre 1840 e 1860, onde houve uma multiplicação dos engenhos devido à subdivisão por herança e o aumento da produção levando a fundação de novos engenhos. O segundo momento ocorreu a partir de 1860 denominado por ela de movimento acelerado de fragmentação dos engenhos, devido à morte da primeira geração, pondo em risco a existência de muitos deles, principalmente dos que acabavam sendo administrados por outras famílias.
Em relação a outras localidades os engenhos sergipanos eram pequenos e a aristocracia se apresentava bem modesta quando comparada a baiana e a pernambucana, por exemplo. Os engenhos tinham basicamente a mesma estrutura: a casa grande, a fábrica, a senzala e ao redor a plantação de cana-de-açúcar.
Em Sergipe existiram muitos engenhos, no entanto o de maior visibilidade e o mais estudado é o Engenho Pedras localizado em Maruim. Esse engenho, de acordo com Maria da Glória Almeida, foi administrado por várias pessoas através de um processo de sucessão hereditária que acabou levando a decadência do engenho.
O progresso do açúcar levou a ascensão econômica e política de alguns núcleos de povoamento na região do Cotinguiba no século XIX, tendo papel de destaque o núcleo de Laranjeiras. No entanto, esse crescimento econômico necessitava de um porto para escoar melhor a riqueza, pois até o momento o escoamento era feito pelo porto de Salvador. O governador da época era Inácio Barbosa, que decide transferir a capital de São Cristóvão para Aracaju visando construir um porto posteriormente, além disso, a nova capital era mais próxima da região da Cotinguiba que era o centro de produção das riquezas. Associado a necessidade de um porto existia também certo desprezo por São Cristóvão, devido a sua estrutura urbanística (ruas tortas e estreitas, algumas ladeiras) que não combinava com a prosperidade de Sergipe e com o espírito de modernização surgido no Brasil a partir de 1850.
Concluímos que a maior parte das mudanças ocorridas em Sergipe, a partir do século XIX, ocorre por conta da produção açucareira que modificou profundamente a sociedade, a política e a economia, levando inclusive a transferência da capital.

Referência:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Anos de prosperidade e mudanças: a sociedade do açúcar e a necessidade de uma nova capital sergipana. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A importância das câmaras e dos levantes para a Independência de Sergipe

A Coroa portuguesa utilizava de diversos símbolos e instrumentos para impor autoridade nos núcleos de povoamento coloniais, entre eles estão o pelourinho, a igreja, a alfândega, a cadeia e a câmara municipal.
Esta última, a câmara, exercia papel fundamental no controle da Coroa sobre os núcleos de povoamento, no entanto a parceria entre os senhores de terras locais e o poder colonial começa a apresentar problemas a partir de fins do século XVII. Num primeiro momento havia interesses comuns entre a metrópole e os proprietários de terras (que comandavam as câmaras), mas num segundo momento os camaristas passam a apresentar um poder local excessivo, desagradando a Coroa.
A Coroa percebe esse aumento de poder dos camaristas e adota algumas medidas restritivas, levando ao surgimento de reivindicações populares que fomentaram o processo de independência de Sergipe em relação à Bahia.
A cobrança absurda de impostos, a remessa de gêneros alimentícios para a Bahia, a invasão dos ouvidores nas decisões das câmaras, a exigência da cobrança de impostos pela passagem de gado pelo Rio Real, associados a outros fatores foram decisivos para a emancipação de Sergipe frente à Bahia.
As câmaras municipais em Sergipe, formadas por proprietários de terra e criadores de gado, tinha divergências entre si, mas havia um ponto em comum: o interesse de liberta-se do domínio baiano. Unidos por esse interesse comum, a maior parte das câmaras municipais se insurgiram contra a dominação baiana, que acabou culminando com a emancipação política de Sergipe.
Portanto verificamos que as câmaras municipais tiveram papel relevante para a independência de Sergipe, e embora seus membros apresentassem divergências de interesses, uniram-se em torno de um desejo comum: a libertação do domínio baiano.

Referência:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. Das insubordinações e protestos à independência da capitania de Sergipe. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010. 

Descrição da Cidade de Sergipe Del Rei por Gregório de Matos e Guerra (1636-1695)

Três dúzias de casebres remendados,
Seis becos de mentrastos entupidos
Quinze soldados rotos e despidos
Doze porcos na praça bem criados.

Dois conventos, seis frades, três letrados
Um juiz com bigodes sem ouvidos
Três presos de piolhos carcomidos
Por comer dois meirinhos esfaimados.

As damas com sapatos de baeta
Palmilha de tamanca como frade
Saia de chita, cinta de raquete.

O feijão que só faz ventosidade
Farinha de pipoca, pão de greta
De Sergipe Del Rei esta é a cidade.

Referência:

MOTT, Luiz. Sergipe Del Rey em três sonetos seiscentistas. Estudos Humanísticos, São Cristóvão, v. I; p. 125-8, 1990. (Acervo do Prof. Dr. Francisco José Alves)

Gregório de Matos, poeta conhecido pelos versos de humor ácido, descreve sua percepção sobre Sergipe no século XVII, mais especificamente a cidade de São Cristóvão. Nota-se que a cidade era pobre e pouco povoada nesse período, vez que a maior parte da população se concentrava ao redor das casas dos senhores de terra ou em sítios. Esse cenário só muda a partir do século XIX com a prosperidade econômica trazida pela cana-de-açúcar. 

domingo, 21 de agosto de 2011

O mito do “bandeirantismo baiano”

Para alguns estudiosos do período da conquista de Sergipe, os baianos, sobretudo os Garcia D’Ávila exerceram papel importante nesse processo. Os baianos são considerados verdadeiros desbravadores do sertão por alguns, ou bandeirantes, fazendo uma analogia ao bandeirante paulista que ocupou papel relevante para a exaltação do passado do nosso país.
O bandeirante baiano assume o papel de agente civilizador do sertão, utilizando para isso a ocupação das terras através da criação de gado, levando assim o progresso para o sertão e integrando-o ao país. O bandeirante baiano passa a exercer ainda, forte influência para a construção de uma identidade local que coloque Salvador, antiga capital colonial, no lugar de evidência que outrora ocupava.
Concluimos, então, que todas essas questões contribuiram para a criação do mito do bandeirante baiano.

BIBLIOGRAFIA:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Caminhos da colonização da capitania sergipana: a sociedade do couro no final do século XVI ao XVIII. In:____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.