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domingo, 6 de novembro de 2011

O outro lado da modernização...

O acentuado crescimento urbanístico e econômico de Aracaju passou a atrair homens pobres do campo, que vinham para a capital em busca de trabalho e melhores condições de vida no início do século XX.
No entanto, esses imigrantes não tinham condições de atender as exigências municipais quanto a construção das suas casas, como também não tinham recursos para pagar os altíssimos aluguéis da região central de Aracaju. Todas essas dificuldades levaram esses imigrantes pobres a residirem em locais afastados do Centro, fato que começou a preocupar as autoridades guardiãs do discurso modernizador.
O projeto modernizador da cidade não combinava com as construções irregulares e improvisadas da população pobre, que estavam fora da região do quadrado de Pirro. Por isso o governo efetuou várias reformas urbanas nessas regiões como no Santo Antônio, no bairro Industrial e na região do Aribé (atual Siqueira Campos). A integração dessas áreas suburbanas visava o controle do pobre, ensinando-lhe o seu lugar na sociedade.
As desapropriações e reformas urbanas em prol do discurso modernizador também recebiam o apoio das fábricas, sobretudo as têxteis, na capital. Como exemplo, temos a fábrica Sergipe Industrial que construiu uma vila operária e várias construções como igreja, parque de diversões, campo de futebol etc., com o discurso que era para ajudar no desenvolvimento da cidade e ao mesmo tempo reduzir a miséria do trabalhador ao dar-lhe melhores condições de moradia.


Imagem atual da fábrica têxtil Sergipe Industrial. Fonte: Google

Na verdade a intenção desses empresários era integrar o espaço de trabalho com vida pessoal do operário a fim de mantê-lo sob constante vigilância, o que garantiria maior produtividade e aumento dos seus lucros.
As dificuldades enfrentadas pelos operários das fábricas têxteis eram semelhantes ao dos demais trabalhadores, como alimentação precária, problemas de saúde que geravam altos índices de mortalidade infantil, problemas de saneamento básico, e problemas decorrentes do trajeto das suas casas até as fábricas. Todas essas questões são retratadas na obra de Amando Fontes “Os Corumbas”, que se constitui numa rica fonte de informações para quem deseja estudar o período.



Romance "Os Corumbas" e o autor Amando Fontes, respectivamente. Fonte: Google

Em síntese podemos afirmar que a modernização de Aracaju não era perfeita como desejava seus idealizadores, ela tinha um lado contraditório, que era as precárias condições de vida dos imigrantes pobres que chegavam a capital. 

Referência:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “ Parte do outro lado da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. In:_____Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.

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